A morte de Maria Leonor Saad, a Nonô Saad, aos 76 anos, não só representa uma grande perda pessoal para a família Saad, mas também coloca o Grupo Bandeirantes de Comunicação em um delicado momento de transição. Com uma dívida que ultrapassa os R$ 1,2 bilhões, disputas familiares pelo controle do conglomerado e a necessidade urgente de modernização, o futuro da emissora passa por uma das fases mais críticas de sua história.
Divisão acionária e poder entre os herdeiros
O controle do Grupo Bandeirantes é dividido igualmente entre os cinco irmãos: Johnny, Ricardo, Marisa, Márcia e Nonô Saad. Com o falecimento de Nonô, sua participação acionária de 20% será herdada por seus filhos, incluindo José Saad Duailibi, que tem uma visão crítica à gestão de Johnny Saad, atual presidente do grupo.
Nos últimos anos, Johnny enfrentou oposição dentro da família, especialmente de Marisa e Márcia, que juntas controlam 40% das ações. Essa oposição foi enfraquecida em 2019, quando Ricardo Saad decidiu apoiar Johnny, mantendo-o no cargo. Agora, com a entrada dos herdeiros de Nonô, a balança de poder pode mudar, reacendendo a disputa pelo comando.
Crise financeira e impacto na gestão
A Band enfrenta desafios financeiros há mais de uma década. A dívida de R$ 1,2 bilhão está dividida entre bancos (R$ 800 milhões) e fornecedores (R$ 400 milhões), incluindo débitos com a Globo por direitos esportivos. Credores como o Banco do Brasil e o Bradesco exigem ações concretas, como cortes de custos e modernização digital.
Funcionários e analistas apontam a necessidade de uma gestão mais profissionalizada. Atualmente, o grupo é criticado por ter mais de 50 diretores para 3.200 funcionários, com salários altos que drenam recursos em um momento de crise. A saída da CFO Magali Leite em 2024 agravou a situação, deixando a Band sem uma liderança financeira sólida.
O legado de Nonô Saad
Nonô era conhecida por sua atuação discreta, mas crucial. Como ex-diretora da Band, ela foi responsável por preservar o acervo histórico do grupo e liderar negociações internacionais para vendas de programas. Sua morte deixa um vazio na área de memória institucional, além de enfraquecer a oposição familiar a Johnny Saad.
Os cenários para o futuro da Band
1️⃣ Manutenção do controle familiar
Johnny Saad pode continuar liderando o grupo, mas precisará buscar novos investidores e renegociar as dívidas para evitar a falência.
2️⃣ Venda parcial ou abertura de capital
Uma solução para aliviar a crise financeira seria a venda de afiliadas regionais ou a abertura de capital na bolsa de valores.
3️⃣ Intervenção judicial
Caso a crise se agrave, credores ou acionistas minoritários podem buscar ações legais para forçar mudanças no comando.
Modernização como prioridade
Enquanto concorrentes como Globo e Record investem em streaming e outras plataformas digitais, a Band ainda luta para consolidar seu BandPlay, uma plataforma de streaming que está longe de competir com os líderes do mercado. A digitalização é vista como essencial para atrair o público jovem e diversificar as fontes de receita.
Por que a Band importa?
Apesar das dificuldades, a Band continua sendo uma emissora com um legado importante, especialmente em áreas como jornalismo e esportes. Desde a sua fundação em 1937, a emissora passou por momentos de superação, como o incêndio de 1969, e consolidou uma marca respeitada.
Agora, mais do que nunca, o futuro da Band depende de como a família Saad enfrentará os desafios internos e externos para preservar esse legado.