Três dias após a queda de um avião na zona oeste de São Paulo, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA-SP) iniciou uma operação especial de fiscalização em empresas de manutenção aeronáutica. A força-tarefa mobiliza agentes em 80 cidades do estado e verifica a qualificação de profissionais, além do cumprimento das normas de segurança em serviços de táxi aéreo, fabricação de componentes e revisão de aeronaves.
O presidente do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea), Vinícius Marchese, destacou que o aumento de incidentes com pequenas aeronaves no Brasil nos últimos meses reforça a necessidade de inspeções mais rigorosas e da formação de profissionais altamente qualificados.
“Todo o ambiente da aviação envolve engenharia, desde a manutenção até a fabricação de peças. Nossa fiscalização verifica se os profissionais estão devidamente habilitados, se cumprem suas responsabilidades técnicas e se há registros adequados de suas atividades”, afirmou Marchese.
Onda de acidentes e 577 diligências em São Paulo
A fiscalização do CREA-SP acontece em um momento crítico para a segurança aérea no Brasil. Nos últimos meses, o país registrou uma sequência de acidentes com pequenas aeronaves, levantando preocupações sobre a qualidade da manutenção e o cumprimento das normas de segurança no setor.
Para coibir irregularidades e evitar novos incidentes, a operação prevê 577 diligências, sendo 175 apenas na capital paulista. O objetivo é verificar se as empresas seguem os padrões exigidos pela legislação e se os serviços de manutenção são realizados corretamente.
Marchese alerta que a segurança na aviação não depende apenas da fiscalização, mas também da formação e disponibilidade de profissionais qualificados.
“Temos um problema sério de quantidade e qualidade de mão de obra. Os bons profissionais já estão absorvidos pelo mercado, e isso pode estar relacionado aos desafios que enfrentamos na segurança aeronáutica”, pontuou.
Transparência sobre processos de manutenção
O presidente do Confea ressaltou que a operação também ajudará a esclarecer dúvidas sobre os processos de manutenção e a responsabilidade dos profissionais envolvidos.
“Essa fiscalização é essencial para levantar informações sobre os profissionais envolvidos e suas responsabilidades. Vamos conseguir responder algumas perguntas sobre como estão sendo realizadas essas atividades”, disse Marchese.
Além da fiscalização do CREA-SP, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) também está conduzindo uma apuração detalhada sobre possíveis falhas no acidente ocorrido em São Paulo.
Segundo Marchese, é preciso analisar todas as camadas de segurança do setor aéreo, desde a qualificação da mão de obra até a fiscalização das operações.
“Nossa preocupação não é apenas com o aumento da frota, mas com a formação de profissionais capacitados para acompanhar essa demanda”, concluiu.