O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) insiste em negar qualquer movimentação para uma reforma ministerial, mas os fatos mostram outra realidade. Duas demissões estratégicas já aconteceram: primeiro foi Paulo Pimenta, ministro da Secretaria de Comunicação (Secom) e um petista de confiança, depois, Nísia Trindade, aclamada no meio científico e aprovada por setores progressistas, deixou a Saúde. Se Lula não quer usar o termo “reforma”, os sinais são claros: ele começou a reconfigurar o governo do seu jeito.
A questão central não é apenas quem sai e quem entra, mas quem está sendo demitido primeiro. Lula não começou tirando nomes do centrão, nem da direita, que compõem boa parte de sua base. Ele iniciou a movimentação com seus próprios aliados e com nomes técnicos, o que envia uma mensagem dura e direta aos partidos que ocupam ministérios e ainda não demonstraram fidelidade ao governo. O aviso foi dado: ou se posicionam com resultados, ou serão os próximos na fila, mas é claro que o partido pode ser ‘reacolhido’, caso a opinião pública, assim querer. E, assim, o partido “crava” posição.
O governo Lula 3: uma coalizão instável
Lula venceu as eleições de 2022 com um discurso de união e reconstrução democrática. No entanto, para governar, montou um ministério extremamente heterogêneo. O governo atual não é exatamente de esquerda, mas uma grande coalizão que mistura centro, direita e até extrema-direita, além de contar com alguns poucos nomes técnicos.
Os ministérios não foram distribuídos apenas para partidos aliados, mas para garantir governabilidade no Congresso, e isso significa que muitas das siglas presentes na Esplanada não têm qualquer compromisso ideológico com o governo. São pragmáticas e estão ali pelos cargos e pela influência.
Agora, com a popularidade de Lula em queda, as mudanças ministeriais se tornam um instrumento de pressão política. Se antes Lula queria evitar desgastes com trocas, agora ele usa as demissões como recado claro para os partidos que ainda estão “em cima do muro”.
As demissões como recado: o centrão está na mira?
A escolha de Paulo Pimenta para ser o primeiro a sair foi simbólica. Ele era um dos poucos ministros diretamente ligados a Lula e ao PT, mas sua atuação na comunicação do governo foi considerada um horror. Mesmo sendo de confiança, foi cortado..
A saída de Nísia Trindade, já era pedida. Ela não era um nome político, mas uma gestora técnica, bem avaliada por cientistas, profissionais da saúde e setores progressistas, mas ruim na gestão pública. Para assumir seu lugar, Lula escolheu Alexandre Padilha, político experiente e que já comandou a pasta no passado.
O que esses dois cortes mostram? Que a “faxina” de Lula começou por dentro da casa. Ele primeiro mexe nos seus, para depois, se necessário, ir atrás dos partidos que ocupam espaço no governo e não entregam apoio político suficiente no Congresso.
Quem será o próximo?
Se Lula quer mostrar força, a próxima leva de demissões pode incluir nomes ligados ao centrão e a partidos que vêm flertando com a oposição. União Brasil, PP, Republicanos e PSD são legendas que possuem ministérios estratégicos, mas nem sempre entregam os votos necessários para o governo no Congresso.
É possível que o presidente tenha adotado uma estratégia de “fatiar” as mudanças, evitando que uma grande reforma ministerial cause instabilidade. Ao demitir ministros um por um, ele pressiona os partidos indiretamente – cada troca é um alerta de que outros também podem cair.
Ao mesmo tempo, Lula não quer ser refém do centrão, mas também não pode perder apoio no Congresso. O equilíbrio entre essas forças será decisivo para os próximos meses.
O recado está dado. Se os partidos que ocupam ministérios não se declararem governo de fato, a fila da demissão vai crescer. Lula já começou a fazer ajustes – e, gostem ou não, mais cortes virão.
Júnior Cardoso – diretor-fundador do PIRANOT
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