
A Câmara Municipal de Charqueada aprovou, na noite da última quarta-feira (05), um projeto de lei que aumenta novamente os salários do alto escalão da prefeitura e amplia o número de secretarias municipais de quatro para 12. A medida, proposta pelo Executivo, tem sido fortemente criticada pelo vereador Romero Rocca (PV), que aponta inconstitucionalidades no processo de aprovação e denuncia a falta de tempo para análise da matéria.
Segundo Rocca, este é o segundo reajuste concedido em apenas três meses. “Esse aumento é o segundo em menos de seis meses. O primeiro foi no final do ano passado, logo depois das eleições. Em novembro ou dezembro, aprovaram um projeto elevando os salários de R$ 6 mil para R$ 9,8 mil. Agora, em março, já está sendo aprovado um novo aumento. Charqueada tem apenas 15 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE”, declarou o vereador ao PIRANOT.
Além dos valores, Rocca questiona a forma como o projeto foi conduzido dentro da Câmara. “Não é legal, tem um monte de inconstitucionalidades. O Executivo entrou com um projeto de 210 páginas com caráter de urgência, e não passou pelas comissões corretamente. Os vereadores não foram chamados para dar pareceres técnicos, tudo foi feito no atropelo. Tivemos apenas sete dias para ler tudo e a votação aconteceu em apenas uma sessão”, explicou.
Diante das irregularidades que aponta, o vereador informou que levará o caso ao Ministério Público para que o projeto seja analisado. “Vou procurar o Ministério Público para denunciar as inconstitucionalidades do projeto. A população precisa saber que não vamos deixar isso passar sem uma ação concreta”, concluiu.
Aumento em meio a dificuldades financeiras
A decisão de ampliar as secretarias e conceder novos reajustes ocorre em um momento em que Charqueada enfrenta dificuldades para custear serviços essenciais. O vereador critica que, enquanto a prefeitura amplia despesas com altos salários, estudantes universitários da cidade precisam pagar do próprio bolso para se deslocarem às faculdades.
“São salários altíssimos para uma cidade pequena, próximos aos valores pagos em Piracicaba, uma metrópole 27 vezes maior. Enquanto isso, nossos estudantes universitários pagam transporte para estudar. Esse dinheiro poderia estar sendo usado para cobrir essa necessidade”, disse Rocca.