Laércio Trevisan Jr nasceu no dia 26 de fevereiro de 1964, na cidade de Piracicaba (SP). É filiado ao PR (Partido da República) e atua como advogado e vereador na Câmara de Vereadores do município. Formado em Direito, pós-graduado em administração de empresas e Técnico em Segurança e Higiene do Trabalho, Trevisan recebeu o jornalista Rafael Fioravanti, do PIRANOT, para uma entrevista em seu escritório dentro da ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
Nesta entrevista, Laércio Trevisan fala um pouco de sua carreira, de seus projetos mais importantes para a sociedade, sobre a atual política, e explica, minuciosamente, o porquê considera a atual Administração Barjas Negri “inoperante em várias circunstâncias”.

Gostaria que o senhor fizesse uma pequena retrospectiva de sua carreira até este momento, para que o leitor pudesse entender melhor um pouco da sua vida profissional até aqui.
Eu estou praticamente há mais de 36 anos na vida pública — não pública no sentido de vida política, mas no sentido de vida voluntária, de representação de classe, porque estou desde os 22 anos trabalhando com associações. Eu já passei por várias entidades. Atualmente, presido o Centro de Lazer do São Dimas (Celasdi), que é voluntário; a Sobasdi; a Associação de Funcionários da Esalq (Afesalq); e também pertenço a outras entidades, como colaborador. Fui presidente da Creche Branca de Azevedo. Já fiz parte do conselho do Lar dos Velhinhos, assim como já fiz parte também do Conselho da Guarda Mirim e já fui presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente de Piracicaba. Em 2005, acabei tendo a oportunidade de assumir a suplência na Câmara como vereador por 47 dias. Foi praticamente nessa época que começou a minha chance política. Eu já tinha sido suplente do PL e, na outra eleição, cheguei até a ser o mais votado de todos os sete vereadores eleitos — porém não entrei, fiquei na suplência e apenas assumi por 47 dias. Já na próxima eleição, em 2008, fui eleito pela primeira vez aqui na cidade de Piracicaba. Já tive meu segundo mandato, e, atualmente, me encontro em meu terceiro mandato como vereador. Sou um vereador independente e sou um vereador de oposição nas coisas contrárias aos interesses públicos da cidade e contrária aos interesses públicos da população. São oposições claras, como tive na votação do ITBI (Imposto de Transmissão de Bens Imóveis), que é acima da inflação. Também votei contra o aumento acima da inflação do IPTU, e contra o ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural) às pessoas que tem sítio e que ficaram muito prejudicadas.
Como vereador, qual projeto de sua autoria o senhor aponta como mais importante à sociedade?
Tenho inúmeros projetos, principalmente na proteção aos animais — no que concerne à castração e mal-tratos –, vejo isso como algo muito importante. Posso citar também a obrigatoriedade de cadeiras em farmácias, que vigora até os dias de hoje. Papa-bitucas em estabelecimentos, bares e restaurantes. A regulamentação de caçambas. Vagas para idosos em Piracicaba, que regulamenta 5% dos estacionamentos e espaços públicos, entre várias outras iniciativas. São projetos que parecem simples, mas que sempre atendem a um segmento.
O vereador sempre exerceu um trabalho próximo à população, próximo ao povo. Eu gostaria de saber quais são as principais reivindicações das pessoas que o procuram em seu gabinete.
São diversas, mas as principais (e mais preocupantes reivindicações) são as de saúde pública. Na semana passada, por exemplo, uma mulher me procurou dizendo que estava esperando para conseguir um exame de ressonância há um ano. Reivindicam principalmente leitos hospitalares, já que hoje, aqui em Piracicaba, temos um déficit de 50 leitos. Nós temos aí um suposto Hospital Regional que sequer começou a internar ainda. Ele foi inaugurado em março e não atende a população — a comunidade e muitos cidadãos Piracicabanos ainda esperam por essa internação. Este ano, temos para receber do Governo Federal uma verba de 130 milhões que está declarada na LOA/PPA. É um valor muito significativo, que será usado para pagar SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), exame de baixa, alta e media complexidade, internações, etc. Então a preocupação é o investimento do município. Outra coisa: também podemos perceber a questão do abuso no aumento de água aqui em Piracicaba, que, infelizmente, a Justiça de São Paulo agiu, ao meu modo de ver, de forma política, mantendo esse imoral aumento de mais de 100%, 120% na conta de água da população. Basta você fazer uma retrospectiva e pegar sua conta de um, dois anos atrás, e você vai ver que pagava 1/3 do que você paga nessa atual Administração — a quarta do mesmo partido. A mesma coisa acontece com o IPTU. Se você pegar seu IPTU de três anos atrás, você vai ver que hoje pagamos o dobro. Então, Piracicaba saiu da regra. Hoje a atual Administração do prefeito Barjas Negri é inoperante em várias circunstâncias, inclusive na saúde. Nós podemos confirmar que a saúde piorou — pegue os índices de internação na gestão anterior (que é a mesma dele, mas com outro prefeito), e você vai ver que o índice era de 26 ou 28 pessoas em média aguardando um leito; hoje, esse número chega a 50 ou 60. É uma matemática simples, porque não houve contratação de médicos, mas os cargos comissionados na Prefeitura e no Semae (Serviço Municipal de Água e Esgoto) ainda estão sendo mantidos. Ao longo deste ano, houve inúmeras contratações de comissionados. Então se não há dinheiro para coisas mais importantes, também não haveria de ter para essas. Outro ponto: as praças públicas da cidade de Piracicaba estão abandonadas. Cito, como exemplo, a Praça da Imaculada Conceição na Vila Rezende; a Praça José Bonifácio, no Centro; a Praça Takaki, entre outras, que mereceriam uma atenção maior por parte da Administração pública e que, até o momento, nada aconteceu em quase dois anos de governo. Nós estamos entrando no mês de outubro e é lamentável. A Administração é muito precária.
A violência é um problema que preocupa centenas e centenas de famílias Piracicabanas. Eu quero saber como está sendo a sua atuação em relação a isso.
Na questão da violência, eu venho sempre cobrando a descentralização e a instalação de bases por região. Por exemplo, as Administrações que já passaram aqui por Piracicaba praticamente acabaram com as bases. Nós vimos a base da Polícia Militar em Santa Terezinha, da Guarda Civil, e a mais recente lá no Mirante… todas desativadas e derrubadas. E a mesma coisa acontece no Bosque dos Lenheiros, onde há necessidade de se ter uma base, por conta da região ser mais perigosa e com índices de violência maior. Além disso, temos que sempre procurar valorizar o trabalho desses policiais. Nós temos aí, como exemplo, um PDL que fiz para a valorização dos agentes penitenciários e de escolta — foi realizada pela primeira vez na cidade e é a única do Estado. Se hoje o Centro de Ressocialização Feminino, o Cadeião e o Presídio não possuem rebelião, é porque esse segmento está agindo corretamente e isso dá uma segurança maior à população. Então, apontar e cobrar como fiz para ampliar a contratação dos guardas civis de Piracicaba foi uma luta constante. Estive com Alexandre Moraes (na época, Secretário de Segurança; hoje atual Ministro do Supremo) e com o deputado Milton Monti, onde solicitei três viaturas Duster para patrulhamento na área rural; e na época, essas viaturas foram liberadas para Piracicaba. Recentemente, também solicitei viaturas para a Guarda Civil, compra de armamentos, coletes e melhorias nas viatura. Esses são alguns exemplos de trabalho que tenho feito nesses meus três mandatos.
O número de jovens na política ainda é muito pequeno se comparado ao número de jovens existente em todo o país. Isso é uma coisa preocupante no que concerne à renovação política. Na sua opinião, o que deveria ser feito para incentivar a população jovem?
Eu entendo que isso daí deveria ser muito discutido e debatido nas Escolas Estaduais, na formação dos jovens. E isso também deveria ser discutido com os jovens que fazem Tiro de Guerra em Piracicaba, porque eu tive orgulho de fazer na minha época. A política precisa ser mais discutida e transmitida por professores. Como diz o papa, “a política tem que ser sempre discutida entre os cristãos”. Ela tem que ser, cada vez mais, pauta do dia-a-dia. Nós dependemos da política para tudo, porque se o país e a cidade vão bem, o emprego fica à vista dos jovens e tudo melhora. É só a partir da educação que as coisas começam a melhorar.
Se tivéssemos que mencionar uma pessoa que o influenciou bastante, que moldou o seu caráter e que até contribuiu para a formação do seu pensamento, quem seria essa pessoa?
Olha, temos um pouco de tudo na vida. Eu tive meus pais e meus tios, sempre digo isso. E tenho também um grande amigo que conheci há 26 anos que é o deputado Milton Monti. Esse espelho vem de pessoas que temos bem, que admiramos, e daí vem também o meu gosto pela política, que parece que estava dentro de mim. Eu sempre procurei levar o meu trabalho a sério e sempre procurei também fazer as coisas da maneira correta, mesmo com todas as dificuldades que tenho. Ser oposição numa cidade de 400 mil habitantes (onde Prudente de Moraes foi vereador e, depois, se tornou presidente), não é para qualquer um. Ser vereador só para apertar botão e ficar dizendo “sim” e “amém” para a Administração é fácil. Agora, ser um vereador independente é a coisa mais difícil do mundo.
Alguém em sua família já trilhou caminho na política? Se sim, quem?
Sim. Tenho parentes na política, pelos dois lados. O primeiro Deputado Estadual de Piracicaba foi Roque Trevisan, em 1947. Ele foi um auto-didata que fez a Constituição do Estado, promulgada em janeiro de 1948, onde seu princípio foi o Artigo 133 da Constituição do Estado, que criou e obrigou as pessoas a terem o ensino básico, médio e superior gratuito. Criou também a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), que hoje conta com 1% da verba de todo o ICMS do Estado, e que preza pelas pesquisas. Então, esse foi o primeiro deputado, uma pessoa que lutava pelos direitos trabalhistas e que chegou a ser preso no DOI-CODI. Esse foi o primeiro primo nosso. Depois, tive outro primo, Alcides Franciscato — a avó dele era Trevisan, irmã do meu avô. Ele foi Deputado Federal formado pela ESALQ (Escola de Agricultura Luiz de Queiroz) e que acabou sendo prefeito de Bauru. Esses são os dois Trevisan na política. Já por parte do meu bisavô, Nozella, teve o Toninho Faganello (vereador e prefeito), teve o Orlando Faganello (vereador) e também tive um primo que foi sub-secretário do Estado de Ciência e Tecnologia, chamado Lorival Mônaco — a mãe dele, Leocilda Trevisan Mônaco, foi irmã do meu pai. Outro primo é o Coronel Aristides Trevisan, que foi chefe da Casa Militar e chefe da Casa Civil do governo Jânio Quadros. Essas pessoas da minha família ocuparam tanto cargos do Executivo quanto do Legislativo.
Se o senhor tivesse que dar uma nota para o atual governo Barjas Negri, que nota seria e por quê?
Na minha visão, seria nota 6, porque foi uma Prefeitura que arrecadou mais e fez menos. Por conta disso, não pode passar de uma nota 6. Hoje nós percebemos que não há mais a limpeza das praças públicas, por exemplo — e já até entrei com representação no Ministério Público alertando sobre essa questão do lixo, da limpeza das praças, guias e sarjetas. Nem a criação do Emprego Simples a gente vê mais. E o problema é que nós estamos pagando imposto superior ao de qualquer outra cidade. Hoje, se você fizer uma comparação, você vai perceber que o seu imposto sofreu uma alta muito grande, acima da inflação — isso ocorreu em todos os anos desta gestão. Já quando o assunto é saúde pública, eu não preciso nem falar nada! Não recontratou médicos, não repôs os médicos que pediram demissão e temos inúmeras UBS (Unidade Básica de Saúde) sem médicos. No geral, não há grande desenvolvimento pela cidade. Eles falam que há 100% de coleta de esgoto, mas isso não existe! Piracicaba tem 86% de esgoto coletado, é diferente. Nós temos por aí mais de 23 loteamentos sem esgoto — incluindo chácaras — e por isso essa questão do esgoto sequer chega a 100%. Isso já foi comprovado até mesmo por eles. Eu não vejo a Administração atual como algo excepcional, pelo contrário, a Administração anterior chega a nota 7,5 ou 8 na minha concepção. Mais uma vez, essa atual Administração é precária.
Para finalizar, gostaria que o senhor mandasse uma mensagem final ao leitor do PIRANOT.
Eu gostaria, nesta oportunidade de mandar uma mensagem ao leitor do PIRANOT, de reforçar a importância das Eleições deste ano. Procure votar no candidato certo, porque é você (povo) que escolhe. Depois nós teremos quatro anos de governo e não dá para reclamar, não dá para questionar. Nós temos que valorizar o nosso voto nesta oportunidade que estamos tendo. Não entre em campanhas que dizem que temos que votar em candidatos da cidade; ao meu modo de ver, isso é uma lorota, é uma chacota, para manter sempre os mesmos. Nós precisamos de renovação, porque, quando se trata de Deputado Federal e Deputado Estadual, estamos falando de todo o Estado e de todo o Brasil; ou seja, é uma representação geral, não uma representação local. Sem falar que muitos deputados de fora trazem mais recursos do que muitos deputados daqui de dentro. Precisamos de oxigenação naquela assembléia, e a grande oportunidade é agora. O WhatsApp está aí, assim como a Internet e a televisão, então você não pode alegar que desconhece quem são as pessoas hoje. Eu acredito num país melhor e acredito que podemos ter grandes mudanças por aqui. Grandes mudanças, inclusive, nós já estamos vendo, porque tivemos 24 anos de PSDB no Estado e o candidato que sai agora não conseguiu emplacar e está em 4º lugar. Tivemos também 13 anos de PT na Administração e está aí o embate. E esse embate cabe a você (leitor) decidir o que é melhor para o seu país.
