Jovem comete suicídio após post do “Choquei” com UM ÚNICO conteúdo: a ‘OPI-NI-ÃO’ de seguidores

Juridicamente, "Choquei" alega que apenas repostou prints sem emitir nenhum conteúdo e opinião e que não pode responder pela ação de seguidores e consequências, o que é verdade, mas não é bem por aí. E daí ele alega "liberdade de expressão", do nada. Então, quem matou Jéssica é???









Foto: Reprodução

A morte de mais uma pessoa, ocorrida após a publicação do que agora tem sido chamado de “conteúdo” — algo que está sendo gerado por praticamente todos atualmente — precisa ser analisada com um olhar mais crítico por parte da sociedade. No caso da estudante mineira Jéssica Canedo, cujo falecimento ocorreu nesta sexta-feira (22), a responsabilidade recai sobre o público das redes sociais, ávido por esse conteúdo, frequentemente justificado como “repostagem”, sem nenhuma qualidade, responsabilidade e colocando o recebedor dele como “comentarista”, “analista”, ao perguntar quase sempre: “Você viu isso? Qual é a sua opinião?”.

No caso específico de Jéssica, o perfil Choquei repostou supostos prints de conversas dela com o humorista Winderson Nunes. Desde que ele se separou de Luísa Sonsa, os fãs dele têm agido de maneira extremamente agressiva, o que teria levado a ex-esposa dele a crises de pânico e depressão. O novo namorado dela na época, chamado “Vitão”, também começou a apresentar sinais de trauma psicológico, chegando a ter uma crise de identidade e aparecer em público vestindo roupas femininas, o que a imprensa celebrou como “ele está se desconstruindo como homem”. Pouco depois, a família dele e ele mesmo admitiram estar passando por um processo de depressão e se afastaram da mídia até a presente data.

Mas não parou por ai. Essa guerra descontrolada dos fãs de Winderson Nunes e essa frase de depressão da ex-dele ocorreu em parte quando ele já estava em um novo relacionamento. A nova namorada dele ficou grávida, durante toda a confusão, ela teve um parto prematuro e o bebê faleceu. Seria hora de questionar até quando o humorista deixará seus fãs continuar agindo assim? Pois, até aqui, nunca se ouviu falar que ele subiu o tom contra o seu público, como todos, 100% de todo mundo que trabalha na internet, precisa fazer diariamente, pelo menos bloqueando alguns perfis. Há um nítido descontrole na gestão da carreira dele com o público, já beirando, – talvez -, a esfera criminal com ele sendo “testemunha” de tudo.

Quanto ao caso de Letícia, a jovem tentou desmentir que estava conversando com o humorista, pedindo a remoção do conteúdo, o que teria sido negado. Nos últimos dias, a mãe, emocionada, foi às redes sociais pedir o fim dos ataques contra a filha, reafirmando que ela não tinha nada com o artista — que também passou a negar, mas não tomou medidas para controlar a situação de maneira mais severa, digamos assim.

Diante do caos, Letícia cometeu suicídio.

O perfil

O Choquei alega “liberdade de expressão”, embora não tenha mencionado, devido à regulamentação da profissão de jornalista e da imprensa, os direitos constitucionais de liberdade de imprensa e livre exercício do trabalho jornalístico. Só faltava, não é mesmo?

Os conteúdos de perfis no Instagram, como o Choquei e milhões de outros que afirmam estar gerando “conteúdo” — uma palavra que não tem regulamentação profissional alguma, assim como a de influencer — abriram espaço para um espetáculo de horror, crimes e até mesmo concorrência desleal que viola as leis de liberdade econômica e livre concorrência. Apesar de essas leis terem as palavras “liberdade” e “livre”, elas impõem regras, regulamentando como cada empresa pode operar, sem prejudicar o espaço da outra. Livre concorrência significa ter base para competir, mas é evidente que perfis como Choquei não praticam jornalismo nem algo semelhante. No entanto, eles são empresas que vendem publicidade, tornando-se concorrentes de todos os veículos de comunicação e mídia, de profissionais, sejam Pessoa Jurídica, CLT ou “liberal” (freelancer).

Quem contribuiu para a morte de Jéssica foi o público consumidor desse conteúdo. Aqueles que seguem, curtem, comentam e, para piorar, adoram assumir seu papel de “analista”, “juiz”, “especialista” e “comentarista” ao responderem a pergunta: “O que você acha disso? Fulano publicou isso. Olha o print. Mas, o que você acha?”. De fato, isso é “conteúdo” e não jornalismo.

Os perfis alegam que apenas repostaram e não podem responder pelos comentários e ações do público. E, como o Choquei e todos não são “imprensa”, se quer precisam seguir as leis de “Direito de Resposta” e outros. Nem a Justiça sabe como lidar com essas novas profissões e novas áreas da economia, como “geradores de conteúdo”. Não tem regra nenhuma, mas a culpa? Ela se matou devido os comentários. O Choquei apenas “repostou” e “não tem nada a ver com isso”.

Então, quem matou Jéssica? O Choquei apenas repostou. Quem gerou “conteúdo” e ações foram os seguidores! É o que ele alega e é este o “modelo de negócio” desses perfis que são empresas com fins lucrativos patrocinados por empresas diretamente e indiretamente, através de anúncios no Grupo Meta.


JÚNIOR CARDOSO, diretor-fundador e editor-chefe do PIRANOT.


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