No último dia de sua visita oficial à Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil está preparado para assinar o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Em uma entrevista coletiva concedida neste sábado (15), Lula destacou que o progresso do acordo agora depende do período eleitoral da Assembleia Nacional na França, após a dissolução do Parlamento pelo presidente Emmanuel Macron.
“Estamos certos de que o acordo será benéfico para a América do Sul, Mercosul e para os empresários e os governos da União Europeia,” disse o presidente.
Apoio ao equilíbrio fiscal
Durante sua estada na região da Puglia para a cúpula do G7, Lula discutiu temas econômicos com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula Gertrud von der Leyen. O presidente também reafirmou seu compromisso com a proposta de taxação dos super-ricos, que visa criar uma taxa global mínima de 2% sobre a riqueza dos bilionários, afetando aproximadamente 3 mil pessoas globalmente. Lula convidou as lideranças europeias a se juntarem na luta contra a desigualdade e a pobreza.
“Eu convidei todos para entrarem na briga contra a desigualdade, contra a fome e contra a pobreza, não é possível que você tenha meia dúzia de pessoas que tenha mais fortuna que o PIB da Inglaterra, da Espanha, de Portugal e da Alemanha juntos,” enfatizou Lula.
Reformas na governança global
Lula também defendeu uma reforma na governança global durante sua presidência no G20, promovendo a inclusão social e o combate à fome. Ele convidou os líderes a participarem do lançamento do Programa Nacional de Combate à Fome e à Pobreza, em julho, no Rio de Janeiro. O presidente destacou a necessidade de aumentar o comércio exterior e a rentabilidade dos países, ressaltando o papel dos empresários nesse processo.
“É preciso aumentar a rentabilidade de cada país, o comércio exterior, o fluxo na balança comercial e quem trata disso é empresário, não é governo. O governo só abre a porta, mas quem vai fazer negócio são os empresários,” afirmou Lula.
Apoio à industrialização e minerais críticos
Outro tema abordado foi a transição energética e a utilização de materiais críticos na produção de minerais. Lula destacou que os países mais ricos estão dispostos a ajudar na industrialização dos países que possuem esses minerais, como o Brasil e diversas nações africanas.
“É uma inovação muito grande e isso é unânime no G7. Vai ajudar muito o Brasil, que tem um território muito grande e muitos minerais e, sobretudo, os países africanos, porque terão que financiar um processo de industrialização,” disse Lula.
Conflitos globais e segurança
Lula criticou a inflexibilidade do governo israelense em relação ao conflito com os palestinos e reiterou a defesa brasileira por uma mudança no Conselho de Segurança da ONU. Ele também comentou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, destacando esforços de conciliação pela paz junto ao presidente chinês Xi Jinping.
“Estamos propondo que haja uma negociação efetiva, que a gente coloque a Rússia e o Zelensky na mesa e vamos ver se é possível convencê-los de que a paz trará melhor resultado do que a guerra,” declarou o presidente.
Relações bilaterais com a Itália
Lula destacou a importância das relações bilaterais entre Brasil e Itália em seu encontro com a primeira-ministra Giorgia Meloni. Ele convidou Meloni a visitar o Brasil, ressaltando a presença significativa da comunidade italiana e a contribuição das empresas italianas ao país.
“Eu tentei mostrar para ela o histórico da relação entre Brasil e Itália e a importância de ela ter contato com os quase 230 mil italianos que moram no Brasil, são quase 1,4 mil empresas que investem no Brasil e geram mais 150 mil empregos,” destacou Lula.