Com quase 150 anos de tradição no futebol, o povo brasileiro já ergueu grandes monumentos ao esporte bretão. Do saudoso e acolhedor Pacaembu em São Paulo, aos clássicos históricos do Maracanã, estas mega obras arquitetônicas marcam a paisagem brasileira em cartões postais e culturalmente.
Conheça neste artigo a diferença entre um estádio e arena, a história por trás dos principais espaços ao redor do país e como a fusão da arquitetura, cultura e sociedade moldou cada um deles.
Do início: qual a diferença entre estádio e arena?
Após a Copa do Mundo de 2014, o termo “arena” se tornou popular na boca dos amantes do futebol. E não era para menos. As estruturas herdadas deste grande evento foram projetadas utilizando este conceito moderno de espaços esportivos.
Enquanto os estádios são espaços “especializados” em apenas um esporte, uma arena é construída para suportar diversas modalidades esportivas diferentes, além de shows e outros tipos de eventos na sua estrutura principal e entornos.
O embate é longo e têm inúmeras nuances. Os principais pontos discutidos costumam estar relacionados ao potencial de arrecadação que cada um dos dispositivos possui. Além disso, existe um enorme benefício como dispositivos de fomento esportivo e cultural para as cidades ao seu entorno.
Esporte principal vs. Pluralidade
Devido à flexibilidade da sua estrutura e a (quase) obrigatoriedade de serem cobertas ou semi-cobertas, as arenas costumam ter um número reduzido de assentos. Durante shows e eventos esportivos, costumam proporcionar experiências intimistas. Em contrapartida, sofrem com lotação reduzida.
Todavia, podem compensar esta defasagem tornando as suas estruturas utilizáveis 365 dias por ano. Já os estádios não possuem este luxo. Acabam dependentes da receita do seu esporte principal e de eventos esporádicos que possam ser sediados ali.
Em linhas gerais, uma arena é um espaço esportivo multiuso capaz de receber shows, eventos, esportes diferentes e muito mais. Já os estádios são estruturas focadas em apenas um esporte ao ar livre, como o futebol, o futebol americano e etc.
Os principais estádios e arenas do Brasil
Antes de entrarmos de cabeça na lista dos principais palcos do futebol brasileiro, é necessário fazer um pequeno disclaimer: não é possível comparar a história dos estádios e arenas até ao momento.
Temos elencados espaços com quase cem anos de existência (como o Maracanã), alguns com mais de cem (como a Vila Belmiro) e outros com uma década completa em 2024 (como a Arena Timão).
Deste modo, trataremos de cada uma na sua especificidade e contribuição histórica de acordo com o “tempo de vida” que o mesmo possui.
Maracanã, Rio de Janeiro
Batizado como Estádio Jornalista Mario Filho, o Maracanã é o maior palco do futebol brasileiro. Isso porque, desde a sua construção (finalizada em 1950), é o estádio com maior capacidade do país, chegando a ter capacidade para receber 103.022 torcedores na final do Mundial de Clubes FIFA de 2000 no Brasil.
A famosa estrutura oval recebeu duas finais de Copa do Mundo (em 1950 e 2014), inúmeros confrontos decisivos continentais e internacionais. Foi alvo de invasões, palco para Pelé, Neymar e inúmeros craques que incendiaram o Rio de Janeiro e todo o Brasil.
Uma curiosidade: a origem do nome do estádio faz referência ao grande número de pássaros que habitavam a região. Por deixarem um grande número de plumas e pena, os seus habitantes chamavam ali de “Maracanã”, uma brincadeira com um termo indígena para algo semelhante a um chocalho – o canto do Maracanã-Guaçu.
Pacaembu, São Paulo
Enquanto a capital carioca se orgulhava do Morumbi, os paulistas defendiam, com unhas e dentes, o seu maior estádio municipal, o Pacaembu. Construído em 1940 e batizado de Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, a estrutura tinha assentos para receber até 70 mil torcedores.
Foi considerado a casa oficial do Corinthians, time que disputou 1690 partidas lá, mas recebia jogos de todos os clubes da capital paulista. Inúmeras decisões históricas aconteceram lá, dentro e fora do esporte.
Como esquecer a fatídica briga (e fatalidades) entre palmeirenses e são paulinos que gerou a divisão histórica nos jogos entre torcidas rivais na capital paulista? Ou a recepção da Copa do Mundo de 1950? Todos estes momentos só aumentam a importância cultural do Pacaembu para a sociedade paulistana.
O estádio acabou preterido após a construção da Arena Corinthians e do Allianz Parque no início dos anos 2010. Isso deixou a sua estrutura praticamente ociosa por alguns anos, até o anúncio da reforma do Pacaembu numa parceria entre a iniciativa privada e o Governo do Estado de São Paulo.
Na contramão das tendências do mercado de apostas esportivas, o Novo Pacaembu não herdou um nome proveniente de uma casa de apostas. No ritmo frenético da capital paulista, os torcedores passarão a visitar a Arena Mercado Livre.
Mineirão, Belo Horizonte
Fora do eixo Rio-São Paulo, o Mineirão é a maior estrutura do futebol brasileiro. É o quinto maior estádio do Brasil e chama-se oficialmente Estádio Governador Magalhães Pinto. Atualmente, o Cruzeiro joga as suas partidas lá.
O estádio e os seus arredores fazem parte do Complexo da Pampulha, projeto originalmente desenvolvido por Oscar Niemeyer, sob encomenda do também mineiro Juscelino Kubitschek. Infelizmente, a sua história marcada por decisões de Libertadores, Copas Intercontinentais e muito mais, foi ofuscada pelo fatídico 7×1 da Copa do Mundo de 2014.
Arena Corinthians, São Paulo
Também conhecida como Neo Química Arena, foi construída para ser o estádio que receberia a primeira partida da Copa do Mundo de 2014, entre o Brasil e Croácia. O evento foi um sucesso, recebendo turistas, brasileiros e autoridades internacionais de todos os escalões.
Antes da sua construção, o estádio receberia o prêmio de melhor projeto de arquitetura do país. Com capacidade para 45 mil torcedores, o estádio se tornou uma referência no país, marcando uma luta de quase 80 anos do Sport Club Corinthians Paulista por um estádio de grande porte – antes o único estádio do time era o Parque São Jorge, por isso utilizava com regularidade o Pacaembu.
Arena da Baixada, Curitiba
Casa do Athlético Paranaense, time com grande projeção nacional, pode ser considerado o estádio melhor integrado num centro urbano de uma cidade. Com capacidade para receber até 40 mil pessoas, é possível chegar até ele fácilmente a pé ou de carro.
Construído em 1999, foi reformulado completamente para a Copa do Mundo de 2014, adquirindo o seu famoso teto retrátil e a silhueta que o distingue. Essa nova fase seguiu a reestruturação do CAP, que nos anos seguintes, conseguiu destaque internacional, conquistando a sua primeira Copa Sul Americana e disputando a final da Libertadores da América.