Nos últimos dias, um caso chamou a atenção do Brasil e colocou a cidade de São Pedro (SP) no centro de um debate que vai muito além da agressão registrada em uma casa lotérica do município. Uma briga que começou por conta de uma fila de atendimento preferencial escancarou um problema que muitas cidades ainda não perceberam, mas que logo poderá ser um desafio nacional: o atendimento prioritário em municípios onde a maioria da população tem direito a ele.
O que aconteceu em São Pedro não foi apenas um caso isolado de agressão, mas o reflexo de uma estrutura que talvez não esteja mais funcionando como deveria. E se isso aconteceu lá, será que pode acontecer em outras cidades?
📊 São Pedro: uma cidade onde o atendimento prioritário pode ser a norma, e não a exceção
Para entender por que isso aconteceu em São Pedro, é preciso olhar para os números. Segundo o IBGE (Censo 2022), a cidade tem uma população consideravelmente mais velha do que a média nacional:
- 22,7% dos moradores têm mais de 60 anos (no Brasil, essa média é de 15%).
- Metade da população tem mais de 47 anos.
- Apenas 12,8% estão entre 10 e 18 anos, um dos percentuais mais baixos da região.
E aqui surge a pergunta fundamental: como um sistema que deveria beneficiar uma minoria funciona quando essa minoria se torna maioria?
Em cidades comuns, apenas 20% da população costuma ter direito ao atendimento preferencial. Já em São Pedro, esse percentual pode ultrapassar 40%, considerando idosos, PCDs, gestantes e pais de crianças com deficiência.
E isso tem um impacto direto nos serviços essenciais.
🏦 Bancos, lotéricas, mercados: quando a fila prioritária cresce mais do que a fila comum
Em grandes cidades como Piracicaba, Campinas ou São Paulo, os bancos e lotéricas seguem um padrão simples:
📌 1 fila preferencial para cada 3 ou 4 filas comuns.
Isso funciona porque a maioria dos clientes ainda está na faixa etária adulta e economicamente ativa. Ou seja, há menos demanda para o atendimento prioritário.
Mas em São Pedro, esse modelo começa a falhar, porque a proporção de idosos, PCDs e outros grupos prioritários é muito maior. Isso significa que, ao invés de uma fila preferencial e três normais, pode ser necessário ter duas ou três filas preferenciais e apenas uma ou duas comuns.
O problema? A fila prioritária, que deveria ser rápida, pode acabar demorando tanto quanto ou até mais do que a comum.
E é aqui que a frustração começa.
⚖️ O impacto nas franquias e no comércio local
Diferente dos bancos, onde há uma certa flexibilidade para chamar clientes prioritários em filas comuns quando há superlotação, em estabelecimentos franqueados como lotéricas e Correios, a estrutura é mais rígida.
📌 Lotéricas seguem um modelo padronizado de filas, independentemente da cidade onde operam.
📌 Correios, apesar de menos movimentados, também possuem um atendimento fixo para prioridades.
📌 Supermercados costumam destinar apenas um caixa para atendimento preferencial, mesmo em cidades mais envelhecidas.Mas será que esse modelo faz sentido para todas as cidades?
🔍 Como evitar novos conflitos?
Se São Pedro já está enfrentando esse problema, é possível que outras cidades também precisem se preparar para ele. Afinal, o Brasil está envelhecendo rapidamente.
Talvez seja a hora de reavaliar as filas preferenciais em cidades com perfis populacionais diferentes.
📌 O que pode ser feito?
✔️ Mais filas preferenciais em cidades envelhecidas: Adaptar a proporção de atendimento para cada município.
✔️ Separação de prioridades: Criar duas categorias dentro da fila preferencial (uma para idosos e outra para PCDs e urgências).
✔️ Educação digital para idosos: Muitos ainda não utilizam aplicativos bancários e acabam sobrecarregando serviços presenciais.
✔️ Flexibilização no modelo de atendimento de franquias: Lotéricas e Correios poderiam adaptar suas regras para cidades com alta população idosa.E, acima de tudo, é preciso lembrar que o objetivo da fila prioritária é garantir dignidade, e não gerar tensão ou disputas.
📢 Reflexão final: Esse é um debate para São Pedro ou para o Brasil?
O caso de São Pedro mostra que talvez estejamos usando um sistema de atendimento prioritário ultrapassado para algumas cidades.
Se o Brasil está envelhecendo e cidades como São Pedro já vivem essa realidade, não deveríamos adaptar as regras de atendimento antes que conflitos como esse se tornem mais comuns?
Se hoje esse debate surgiu por conta de um incidente isolado, talvez seja a hora de ampliar essa discussão antes que o problema se torne mais frequente.
📍 Por: Júnior Cardoso, diretor fundador e editor-chefe do PIRANOT
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