O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) registrou o quarto caso de raiva em morcego em Piracicaba neste ano, confirmado após análise do CCZ-SP. O animal estava morto, caído na calçada interna de um condomínio residencial, na segunda-feira (12), no bairro Santa Rosa, identificado como sendo da família Phyllostomidae, subfamília Stenodermatinae e espécie Artibeus lituratus. Os outros três casos de raiva em morcegos aconteceram nos bairros Parque Orlanda, Campestre e São Dimas, todos insetívoros.
Somente este ano, o CCZ já recolheu e enviou para diagnóstico da raiva aproximadamente 160 morcegos. No ano passado, ao todo, foram cerca de 300 animais recolhidos, com seis positivos para a doença, sendo que dois desses positivos foram recolhidos no Parque Orlanda, um no Jupiá, um no Centro, um no Pau D’Alhinho e um na Vila Independência.
De acordo com a bióloga do CCZ, Regina Lex Engel, os morcegos da família Phyllostomidae possuem um apêndice nasal em formato de folha e das 5 subfamílias pertencentes à Phyllostomidae, todas possuem essa folha nasal, à exceção da subfamília Desmodontinae, dos morcegos hematófagos, que têm o apêndice nasal arredondado, em formato de ferradura. “O hábito alimentar dos morcegos dessa família é bem diversificado, sendo algumas famílias frugívoras, outras nectarívoras e a hematófaga, se incluindo aí, os morcegos ‘vampiros'”, relata.
Segundo Regina, a espécie Artibeus lituratus têm a dieta predominantemente frugívora, mas pode se alimentar de insetos, flores e folhas, sendo um dos maiores morcegos do Brasil, com comprimento do corpo entre 93 a 133 mm, com envergadura de até 33 cm. “Os indivíduos dessa espécie e de toda a subfamília Stenodermatinae, possuem listras faciais bem visíveis, podendo ocorrer listra dorsal em algumas espécies”, completa.
Ainda, conforme explica a bióloga, esta espécie de morcego é muito comum nas cidades arborizadas, formando haréns de um macho e várias fêmeas. “Eles usam árvores ou palmeiras como abrigos dormitórios, onde permanecem dormindo durante o dia, mas podem usar varandas de imóveis para se abrigarem. São muito comuns em locais onde há árvores frutificando, de onde colhem os frutos e vão comer em outras árvores, usando essas últimas, como digestórios, e onde deixam muitas sementes e frutos caídos. Por isso são tão importantes como agentes reflorestadores de ambientes naturais e florestas”, diz.
Regina reforça que os morcegos urbanos não são agressivos e não atacam as pessoas ou animais, “mas podem cair no chão, existindo assim, o risco de contato acidental e a possível transmissão do vírus da raiva, caso o morcego esteja contaminado”, alerta a bióloga.
Alerta
O CCZ alerta para que cães e gatos que não estejam com a vacina antirrábica em dia, sejam vacinados, já que ficam expostos à contaminação, uma vez que existe circulação do vírus na região.
Ainda de acordo com o CCZ, neste ano, o repasse da vacina antirrábica pelo Estado foi reduzido. A orientação é que os proprietários dos animais procurem uma clínica veterinária ou uma agropecuária para que sejam imunizados.
No caso de animais com contato com morcegos, a orientação é que entrem em contato com o CCZ pelo telefone 3427-2400.